O artista plástico argentino radicado na Bahia Reinaldo Eckenberger, 77, comemora 50 anos de trajetória profissional com exposição, pensada como uma instalação, que esbanja criatividade. Pintor, desenhista, gravador, escultor e ceramista, Reinaldo Eckenberger (1938: Buenos Aires, Argentina), possui trabalhos “irônicos e transgressores”. Recebeu influências da pop art e do expressionismo, mas sua obra permanece impossível de classificar como orientação estética. Esbanjar, aliás, é um termo bem apropriado para Eckenberger, que tem como estilo a acumulação, o excesso, o exagero que aparecem como características de sua obra em desenhos, pinturas, assemblages (colagens com objetos tridimensionais), objetos, esculturas, cerâmicas e bonecas de pano.

A mostra, que passeia pelas cinco décadas de produção do artista, será aberta quinta-feira, 14/07, às 19h, na Caixa Cultural Salvador. O público baiano deverá se encantar e fazer diferentes leituras das 500 peças do artista na mostra, que abre oficialmente para visitação, de amanhã até o dia 21 de agosto, sempre de terça a domingo, das 9h às 18h. E vale mesmo agendar esta exposição, que tem curadoria da jornalista e mestre em artes visuais Luciana Accioly e do poeta e editor Claudius Portugal.

Pode também ver como Eckenberger traz o erótico (os falos estão incluídos em sua obra). “Sou de Escorpião. Gosto de sexo”, diz bem humorado o artista, que não se prende ao convencionalismo e tabus.”Cenas de sexo oral, carícias íntimas, perversão, além do fetiche por elementos como o pênis, a língua em riste, o nariz em forma de falo e os olhos expressivos, são recorrentes nos desenhos, pinturas, gravuras, cerâmicas, objetos e trabalhos em tecido de Eckenberger”, depõe Luciana Accioly, no artigo O Erotismo em Reinaldo Eckenberger. A jornalista obteve mestrado em artes visuais na Ufba com a dissertação A Poética de Trapos de Reinaldo Eckenberger.

Como artista plural, entretanto, Eckenberger também traz na sua obra muito sentimento. São recorrentes as bonecas de pano representando mãe e filho ou insinuando incesto – sentimento edipiano? Quem sabe…. Filho de alemães “não nazistas”, como gosta de frisar, Eckenberger diz que pouco conheceu o pai e conta que sua mãe lhe tinha amor excessivo. “Reconheço em minha obra a tendência da acumulação. O horror ao vazio”, frisa. No artigo O universo criativo de Reinaldo Eckenberger o também artista Juarez Paraíso entende a alma deste profissional singular e plural, múltiplo e único.

“A acumulação é uma característica definitiva nos trabalhos de Eckenberger, numa demonstração de horror vacui. A sua recusa ao vazio é um gesto compulsivo e obsessivamente constante….”, ressalta Juarez. Vale lembar que Eckenberger fez sua primeira exposição, Luxo e Lixo, Lixo e Luxo, na capital baiana, em 1966, um ano antes de sua chegada a Salvador, encantado pelo barroco. A mostra foi considerada por Juarez Paraíso a primeira de arte pop realizada na Bahia. Eckenberger acabou sendo premiado na I Bienal da Bahia, no mesmo ano.

Arquitetura e teatro

Eckenberger conta que não concluiu, mas estudou arquitetura, artes plásticas e artes cênicas – ele criou cenários e se enveredou pelas marionetes e, depois, bonecões.Pois bem, além de teatrinhos, o visitante vê na obra dele a dramaticidade, o grotesco e algo da suntuosidade da ópera, além da comicidade da commedia dell’arte. Vale mesmo agendar.

Cronologia:

Final da década de 1950 – Estudou arquitetura, mas optou posteriormente pelas artes visuais. Frequentou a Escola Superior de Belas Artes de sua cidade natal, onde realizou a primeira individual (1956). Fez curso de cenografia no TeatroTeatro Colón, da capital argentina.
1964 – Veio para o Brasil.
1965 – Foi residir em Salvador e, no ano seguinte, obteve 1º Prêmio de pintura na 1ª Bienal de Artes Plásticas, realizada naquela cidade. Nascido na Argentina e tendo vivido em países europeus, foi na Bahia que Reinaldo criou raízes, afirmando: “(…) só uma cidade barroca como Salvador poderia melhor abrigar o barroquismo de minha arte”.
2008 – Mostra Eckenberger, Obras 1965 – 2008, no Palacete Rodin das Artes, Salvador, com curadoria de Dimitri Ganzelevitch.

Entre outras, participou das seguintes mostras coletivas:
1966 – Bienal Nacional de Artes Plásticas, Salvador, BA
1967 – Salão de Arte Contemporânea de Campinas, SP; Bienal Internacional de São Paulo, SP.
1972, 26, 77 – Museu de Arte Moderna, São Paulo, SP.
1985 – Salão Paulista de Arte Contemporânea, Fundação Bienal, São Paulo, SP.
1994 e 95 – Museu de Arte Moderna, Salvador, BA.
1999 – 100 Artistas Plásticos da Bahia, Museu de Arte Sacra, Salvador, BA.
1999 – Arte Salvador 450 Anos, Museu Histórico, Rio de Janeiro, RJ.

Fontes adaptadas:
A Tarde Online, texto de Eduarda Uzeda;
PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Civilização Brasileira, 1969

Exposição Reinaldo Eckenberger - foto Raul Spinassé (5)

Foto: Raul Spinassé | Ag. A TARDE

9bc0d31968ebce272223aaff4acc4d14

24b98c01e9d91fcee8e94729b6ea0b74

243981_1

859266-1409-cp

c72ae8c2f98e689a4be2f6368e5b7ed9

CG2A4519-foto-Raul-Spinassé

DSC3913

DSC3949

DSC4237

DSC4241

DSC4257

DSC4313

Personagens-alterar